quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Casimiro Côco

Mamulengos
 
 
Na virada dos 60 pros 70, menino lá nos Inhamuns só jogava bola. Minto: reinava de bola, bila, carimba, trisca, triângulo, esconde, arraia e mil brincadeirinhas mais; TV só duas e não dava pra traquina pobre, só na metade dos 70 fomos assistir Jerônimo, Zorro, Batman, Rex nos ladrilhos frios do Coronel Zé Jorge. De quando em vez, já cansado de fazer macaquinhos em dedos finos e dar leques e cascudos nas cabecinhas comidas de piolho e sol, o senhor de todas as terras da região pedia à Preta Zefa uma lata d’água, engolia a metade, gargarejava a outra e cuspia um jato longo na platéia, que nem piscava...
 
Mas bem antes das benditas sessões da tarde nos tijolos frescos do Coronel Zé Mundo, esperávamos na boquinha da noite o telecoteco dos Casimiros Cocos na sala do Seu Genaro. Empanada de improviso com um lençol, os bonecos cabeçudos feitos com o pau de mulungu disputando insultos e patifarias antes de, invariavelmente, trocarem cabeçadas em meio a gritos e gargalhadas.
 
De feitio austero, como tudo no sertão, o mamulengo mal era vestido, uma chita qualquer de camisa não mais usada, um batom de urucum no lábio da Sinhá. As palavras poucas, um grunhido que outro antes do desfecho esperado.
 
— Tome tento, seu cabra!
— Teco! Telecoteco!

Ainda hoje, assegura o camarada Lica, se escuta o bate-cabeças dos casimiros, em noites de vento, na velha casa abandonada no Alto das Pedrinhas.
 
_____________________________

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...