quinta-feira, 14 de março de 2013

SONETO PARA O POETA FRANCISCO CARVALHO (por Sânzio de Azevedo)

(Francisco Carvalho)
(Sânzio de Azevedo)


Dos tempos de menino te ficaram
as tardes de sol quente onde os lamentos
dos velhos bois que a morte ruminavam
se esvaíam nas túnicas dos ventos.

Na gleba de teu pai ainda há frutos
das árvores regadas pelos sonhos;
os alpendres, porém, e os altos muros
não deixaram vestígios nem escombros.

Mas tens o verso, com que todo dia
fazes viver um mundo de utopias
com a antiga crença de um profeta hebreu.

E vês que a hora do poema é a hora da lavra
em que ficas à espreita da palavra
que há de queimar como o êxtase de Deus

                                                    

* Soneto copiado das páginas 66-7 do livro, de Sânzio de Azevedo, Cantos da Antevéspera. Fortaleza: UFC - Casa de José de Alencar, 1999.

                                                                          

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